sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O Erro do Bispo de Mopsuéstia

Capítulo XXXIV da Summa Contra Gentiles, de São Tomás de Aquino:

Of the Error of Theodore of Mopsuestia concerning the Union of the Word with Man

BY the foregoing chapters it appears that neither was the divine nature wanting to Christ, as Photinus said; nor a true human body, according to the error of the Manicheans; nor again a human soul, as Arius and Apollinaris supposed. These three substances then meet in Christ, the Divinity, a human soul, and a true human body. It remains to enquire, according to the evidence of Scripture, what is to be thought of the union of the three. Theodore of Mopsuestia, then, and Nestorius, his follower, brought out the following theory of this union.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Hoje, nasceu para nós o Salvador!

Dos Sermões de Santo Elredo de Rievaulx, abade

Hoje, na cidade de Davi, nasceu para nós o Salvador do mundo, que é o Cristo Senhor! (cf. Lc 2, 11). Esta cidade é Belém, para a qual devemos acorrer, como os pastores fizeram ao ouvir esta notícia. Por isso, costumais cantar (no hino da Virgem Maria): “Cantaram glória a Deus, acorreram a Belém”. E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura (Lc 2, 12).

Eis porque vos disse que deveis amá-lo. Temei o Senhor dos anjos, mas amai o pequenino; temei o Senhor de majestade, mas amai o que está envolto em faixas; temei o que reina no céu, mas amai o que está deitado na manjedoura. Mas que sinal receberam os pastores? Encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura. Ele que é o Salvador, ele que é o Senhor. Mas que há de especial no fato de estar envolto em faixas e deitado numa manjedoura? Não são também as outras crianças envolvidas em faixas? Então, que tipo de sinal é este? Na verdade é um grande sinal, se o soubermos compreender. E havemos de compreender, se não nos limitarmos a ouvir esta mensagem de amor, mas também tivermos no coração a luz que brilhou com os anjos. Foi assim que um deles apareceu com luz, quando anunciou pela primeira vez esta notícia, para sabermos que só os que têm a luz espiritual no coração é que ouvem a verdade.

Muito se pode dizer deste sinal; mas, porque a hora vai adiantada, falarei pouco e brevemente. Belém, a “casa do pão”, é a santa Igreja, na qual se serve o corpo de Cristo, o pão verdadeiro. A manjedoura de Belém é o altar da Igreja, onde as ovelhas de Cristo se alimentam. Desta mesa está escrito: Diante de mim preparas uma mesa (Sl 22 [23], 5). Nesta manjedoura, Jesus está envolto em panos, e o invólucro de panos pode ser comparado aos véus do sacramento. Nesta manjedoura, sob as espécies do pão e do vinho, está o verdadeiro corpo e sangue de Cristo. Cremos que ali está o próprio Cristo, mas envolto em panos, isto é, oculto no sacramento. Não temos sinal maior e mais evidente do nascimento de Cristo do que o seu corpo e sangue que recebemos todos os dias no santo altar; daquele que, nascido da Virgem por nós uma vez, vemos por nós se imolar diariamente.

Portanto, irmãos, corramos à manjedoura do Senhor. Mas antes, preparemo-nos o melhor possível por sua graça para esse encontro, e associados aos anjos, de coração puro, consciência reta e fé sincera (cf. 2Cor 6, 6), cantemos ao Senhor em toda a nossa vida e conduta: Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados! (Lc 2, 14). Por nosso Senhor Jesus Cristo, a quem sejam dadas honra e glória, pelos séculos dos séculos. Amém.

Veio o Senhor de todos sob a forma de servo

Fonte

De Teódoto de Ancira, bispo

Veio o Senhor de todos sob a forma de servo, revestido de pobreza, de modo a não afugentar os que buscava. Em terra incerta, escolhendo um lugar desconhecido para nascer, foi dado à luz por uma Virgem pobre, na pobreza total, para que pelo silêncio cativasse os homens que vinha salvar. Pois se tivesse nascido na glória, rodeado de muitas riquezas, diriam, sem dúvida, os infiéis, que a transformação da terra fora obra do dinheiro. Se tivesse escolhido Roma, a maior cidade, atribuiriam ao poder dos seus cidadãos a mudança do mundo.

Se fosse filho do imperador, atribuiriam ao poder tal benefício. Se fosse filho de um legislador, atribuiriam-no às leis. Mas que fez ele? Escolheu tudo o que é pobre e vil, tudo que há de mais medíocre e obscuro, para sabermos que só a divindade transformou a terra. Por isto, escolheu uma mãe pobre, uma pátria ainda mais pobre, fazendo-se pobre de bens terrenos.

Isto te é mostrado pelo presépio. Como não havia um berço para reclinar o Senhor, foi colocado numa manjedoura, e sua indigência das coisas mais necessárias tornou-se uma ótima profecia. Foi assim posto na manjedoura para anunciar que se fazia alimento até mesmo dos irracionais. Pois o Verbo, Filho de Deus, nascendo pobre e jazendo num presépio, atrai a si os ricos e os pobres, os eloqüentes e os incultos.

Vede, portanto, como a indigência se tornou profecia, e a pobreza mostrou ser acessível a todos aquele que por nós se fez pobre. Ninguém se deteve por medo das esplêndidas riquezas do Cristo, nem a imponência do poder impediu alguém de se aproximar dele; mas apareceu pobre e comum, oferecendo-se a si mesmo para salvar a todos.

No presépio, o Verbo de Deus se manifesta corporalmente, a fim de que tanto os seres racionais como os irracionais possam participar do alimento da salvação. Penso ser isto que o profeta proclamava, quando falava do mistério do presépio: O boi conhece o seu dono, e o jumento, a manjedoura de seu senhor; mas Israel é incapaz de conhecer, o meu povo não pode entender (Is 1,3). Fez-se pobre por nós aquele que é rico, tornando facilmente perceptível a todos a salvação do Verbo de Deus. Também Paulo o indica, ao escrever: Por causa de vós se fez pobre, embora fosse rico, para vos enriquecer com a sua pobreza (2Cor 8,9).

Mas quem era esse que enriquecia? E de que enriquecia? Como ele se fez pobre por nós? Quem é, dizei-me, que, sendo rico, se fez pobre por minha pobreza? Pensas que foi o homem que apareceu? Mas este nunca se tornou rico, nascido que foi pobre e de pais pobres. Quem era, pois, e de que enriquecia esse rico que por causa de nós se fez pobre? A resposta é: Deus enriquece a criatura. Foi Deus mesmo quem se fez pobre, fazendo sua a pobreza daquele que se podia ver. Pois ele é rico pela divindade, e por causa de nós se fez pobre.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Glory to God in the Highest

Fonte




Glory to God in the highest
And peace to His people on earth
Lord God, Heavenly King, Almighty God and Father
We worship You
We give You thanks
We praise You for Your glory



Lord Jesus Christ, only Son of the Father
Lord God, Lamb of God
You take away the sins of the world
Lord, have mercy on us
You are seated at the right hand of the Father
Receive our prayer



For You alone are the Holy One
For You alone are the Lord
For You alone are the Most High
Jesus Christ
With the Holy Spirit
In the glory of God the Father


Amen

Laços de Família

(via Antonio Fernando Borges)





Não fosse em tempo assim de calmaria,
não fosse nessa ausência, nesse vento
que não vem, se não fosse este momento,
este momento cheio de agonia,

não fosse aquela brisa, aquele lento
afago, ah, se não fosse por Maria,
se não fosse por ela, quem teria
paciência com tanto adiamento?

Se não fosse por ela, se não fosse
pelo que ela agüentou, pela alegria
que ela embalou perplexa, que ela trouxe

em si e deu à luz e um belo dia
devolveu ao Senhor… Se a espera é doce,
é por causa da calma de Maria.

Bruno Tolentino

domingo, 23 de dezembro de 2007

Mensagem de Natal

Após ter escrito essa mensagem, enquanto a examinava mais calmamente, não cheguei a confirmar a existência de um erro nela. Como ela já foi aprovada por alguém bem mais inteligente que eu, acho que posso postá-la aqui. Mas peço aos visitantes do blog: se eu tiver proferido alguma asneira, avisem-me!



Seguirei, conforme minhas pobres capacidades, o exemplo do filósofo Olavo de Carvalho, procurando expor aqui, bem brevemente, meus votos de um feliz Natal aos leitores do Mercabá.


Poderia começar o texto de forma negativa, criticando o consumismo e a sanha da compra de presentes que parecem se sobrepor e substituir o significado original da celebração. Mas não farei isso; ao contrário, convido o leitor a seguir uma linha de pensamento perfeitamente racional e positiva, exposta formidavelmente por Santo Anselmo em Cur Deus Homo.


Comecemos essa escalada ao entendimento da importância da Encarnação por uma operação simples: a classificação das ofensas. Existe, evidentemente, uma hierarquia nos ultrajes e nos insultos, de acordo com o ultrajado e o ofendido. Quanto mais elevado e mais insigne for ele, pior será a ofensa. Assim, o ultraje a um sábio é mais grave que o ultraje a um vagabundo; o ultraje a um consagrado é mais temível que o ultraje a um pulha. Além disso, a cada ofensa corresponde uma reparação própria, tanto mais penosa e dolorosa quanto mais perigosa for a ofensa, e o retorno à amizade com o ofendido torna-se igualmente mais penoso quanto mais temerário for o insulto. É mais difícil reatar uma amizade com alguém que você chamou de imbecil do que com alguém taxado de ignorante, por exemplo.


O que dizer, então, de uma ofensa a Deus? O que seria capaz de reintroduzir o homem na amizade com Seu Criador, se a própria criatura faz o que é abominável a Seus olhos?


Convenhamos que nesse grau de gravidade, nenhum ato humano, nenhuma façanha, nenhum grande gesto, nenhuma proeza seria capaz de pagar as dívidas com Deus. Nem mesmo na soma das capacidades humanas haveria poder suficiente para restituir a amizade ofendida. O único ato que poderia realizar esse resgate seria um ato de amor infinito, anulando uma injúria ilimitada. Mas é óbvio que mesmo o amor de toda a criação seria ainda finito. Como, então, uma alma humana poderia votar a Deus um amor infinito capaz de satisfazer a ofensa?


Tal homem, que amasse a Deus infinitamente e reparasse a abominável injúria cometida, teria de realizar um gesto muito maior do que qualquer ato humano, por dever ser também divino. Apenas o sacrifício de um perfeito homem que fosse inteiramente Deus reataria a amizade humana com seu Criador. Seu ato tinha a obrigação de agradar a Deus tanto quanto O desagradaram as iniqüidades humanas. Ora, essa alma humana a que me refiro não apenas agradou de forma equivalente a Deus, mas superou por imensa vantagem as ofensas. Suas obras, sua vida, seu sacrifício, não apenas nos reintroduziram na amizade de Deus, mas destruíram por completo a nossa covarde submissão ao banho de sangue de sacrifícios inúteis, multiplicados na forma de vinganças, de procura por bodes expiatórios e adoração a falsos deuses. Tal alma humana de uma pessoa divina não apenas satisfez as nossas dívidas, mas nos resgatou da opressão sinistra do pecado e da morte. Refiro-me, evidentemente, a Jesus Cristo.


Gostaria de terminar a mensagem com uma advertência: não se deixe fraquejar pela aparente supremacia dos poderes desse mundo. O sacrifício necessário à satisfação da injúria a Deus já foi feito. Consummatum est.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Na manhã da Natividade

Com a aproximação do Natal, postarei algumas obras elevadas que penso serem apropriadas a esse momento. Depois do maravilhoso Puer Natus Est, de Bach, seguem as ilustrações de William Blake ao poema de Milton, On the Morning of Christ's Nativity.

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O Descenso da Paz

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A Anunciação aos Pastores

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O Antigo Dragão

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A Derrocada de Apolo e dos Deuses Pagãos

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O Vôo do Moloque

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A Noite de Paz

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Feliz Natal



Puer Natus Est

1. Puer nátus in Béthlehem, allelúia:
Unde gáudet Jerúsalem, allelúia, allelúia.


2. Assúmpsit cárnem Filius, allelúia,
Déi Pátris altíssimus, allelúia, allelúia.


3. Per Gabriélem núntium, allelúia,
Virgo concépit Filium, allelúia, allelúia.


4. Tamquam spónsus de thálamo, allelúia,
Procéssit Mátris útero, allelúia, allelúia.


5. Hic jácet in praesépio, allelúia,
Qui régnat sine término, allelúia, allelúia.


6. Et Angelus pastóribuis, allelúia,
Revélat quod sit Dóminus, allelúia, allelúia.


7. Réges de Sába véniunt, allelúia,
Aurum, thus, myrrham ófferunt, allelúia, allelúia.


8. Intrántes dómum invicem, allelúia,
Nóvum salútant Principem, allelúia, allelúia.


9. De Mátre nátus Virgine, allelúia,
Qui lúmen est de lúmine, allelúia, allelúia.


10. Sine serpéntis vúlnere, allelúia,
De nóstro vénit sánguine, allelúia, allelúia.


11. In carne nóbis símilis, allelúia,
Peccáto sed dissímilis, allelúia, allelúia.


12. Ut réderet nos hómines, allelúia,
Déo et síbi símiles, allelúia, allelúia.


13. In hoc natáli gáudio, allelúia,
Benedicámus Dómino, allelúia, allelúia.


14. Laudétur sáncta Trínitas, allelúia,
Déo dicámus grátias, allelúia, allelúia.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Sanctus

SANCTUS, Sanctus, Sanctus,

Dominus Deus Sabaoth.

Pleni sunt caeli et terra gloria tua.

Hosanna in excelsis.

Benedictus qui venit in nomine Domini.

Hosanna in excelsis.


terça-feira, 11 de dezembro de 2007

American readers

Recently, I received a lot of visits from american guys, and they have been searching some stuff that isn't available in English. They had to recur to a very dubious tool: Google Translation. Well, I don't want to see honest and interested people making such an unworthy effort to read the Fathers Works, so I'll just indicate the best sites devoted to that subject :

New Advent

Thesaurus Precum Latinarum

Early Christian Writings

Christian Classics Etheral Library

I wish all my english-speaking readers have a profitable reading.

Teódoto de Ancira

Fonte


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Teodoto fue obispo de Ancira, una población situada en Galacia, en el Asia Menor. Amigo personal de Nestorio, fue, sin embargo, uno de sus principales adversarios, cuando el Concilio de Efeso del año 431 condenó las doctrinas de aquél como heréticas. Nestorio afirmaba la existencia de dos personas en Jesucristo, negando el título de Madre de Dios a la Virgen Marta.

Teodoto alcanzó un gran prestigio como teólogo y defensor de la ortodoxia; junto a San Cirilo de Alejandra, representó un papel de primer orden en la confutación de los errores nestorianos. Adentrándose en el misterio de la Encarnación del Hijo de Dios, expuso con claridad y defendió con firmeza la verdad de la existencia de dos naturalezas en la única persona de Cristo y exaltó de modo especial la maternidad divina de Santa Marta, junto a su perpetua virginidad. Su muerte tuvo lugar en torno al año 446.

Entre sus obras merecen especial mención las dos homilías sobre el nacimiento del Señor. Pronunciadas en Ancira, fueron leídas en el Concilio de Efeso e introducidas en sus Actas.

Se recoge a continuación un pasaje de una de estas homilías. Con un estilo de argumentación muy típico de la época, Teodoto explica cuál es la lección fundamental que nos enseña la pobreza del Nacimiento de Nuestro Salvador: asumiendo nuestra naturaleza humana en medio de una gran indigencia, nos hizo participes de la
riqueza de su divinidad.

LOARTE

Teodoro de Mopsuestia

Fonte

TEODORO DE MOPSUESTIA había nacido en Antioquía, donde estudió y estableció una amistad duradera con San Juan Crisóstomo; esta amistad le indujo primero a entrar en un monasterio y luego, después de haberlo abandonado muy pronto, a regresar a él. El año 392, cuando llevaba ya nueve años de sacerdote, fue consagrado obispo de Mopsuestia, en Cilicia. Murió el 428, rodeado de gran fama.

Teodoro es el autor más famoso y más representativo de la escuela de Antioquía. Con sus numerosas obras ha pasado sin embargo lo mismo que con las de su maestro Diodoro de Tarso; últimamente se han podido recuperar algunas a través de sus traducciones a lenguas orientales, y junto con los fragmentos existentes de otras permiten hacer una reconstrucción aceptable de su teología. Así, por ejemplo, cita a menudo las cláusulas del símbolo bautismal, de manera que es posible rehacer éste y, de paso, darse cuenta de que es bastante diferente del que le atribuyeron sus enemigos.


En exégesis, parece que comentó casi todos los libros de la Escritura, siguiendo con gran rigor científico el método histórico y filológico propio de la escuela; escribió una obra Contra los alegóricos, en contra de Orígenes, cuyo título señala su posición frente a la exégesis alejandrina. Tiene también 16 Homilías catequéticas, recuperadas el año 1932; unas siguen el símbolo niceno y van destinadas a los catecúmenos y otras versan sobre el padrenuestro, el bautismo y la Eucaristía y se destinan a los neófitos, de una manera que recuerda la obra semejante de Cirilo de Jerusalén. Entre sus escritos dogmáticos destaca su obra Sobre la encarnación; tiene además una Disputa con los macedonianos, una refutación Contra Eunomio, otra Contra Apolinar y otra Contra los defensores del pecado original, que parece que sostenían que éste había corrompido la naturaleza humana. Son también obras suyas un escrito Contra la magia y otro, el Libro de las perlas, que posiblemente fuera una colección de cartas.

São Sofrônio de Jerusalém

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Nació en Damasco, hacia el año 560. Probablemente ejerció como profesor de Retórica, hasta que, todavía joven, abrazó la vida monacal. Pasó veinte años bajo la dirección experta de San Juan Mosco. Juntos visitaron varios monasterios de Egipto, con el propósito de pasar a Roma. Una vez en la Ciudad Eterna, el año 619 murió San Juan Mosco. Entonces, San Sofronio decidió regresar a Palestina. En el año 633 o 634 fue elegido Patriarca de Jerusalén, mostrándose desde entonces como un pastor celoso de su grey.

La biografía de San Sofronio podría centrarse en dos polos de interés: su afán de santidad y su integridad doctrinal, que le llevó a sufrir mucho por defender la fe católica frente a la herejía del monotelismo. Estas dos características quedan muy bien reflejadas en su producción literaria, de la que nos han llegado algunas obras que podrían llamarse de entretenimiento, unos cuantos himnos y varios escritos hagiográficos, como la Vida de los santos egipcios Ciro y Juan y algunos fragmentos de una biografía del Patriarca alejandrino Juan el Limosnero, compuesta junto a San Juan Mosco.

El mismo año de su muerte, 638, vio con inmenso pesar como la Ciudad Santa caía en manos de los musulmanes, por obra del Califa Omar.

LOARTE

Santiago de Sarug



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Santiago de Sarug es uno de los grandes Padres de la Iglesia siria. Nació en el año 451 en el distrito de Sarug, a orillas del Eufrates. Según la tradición, completó sus estudios teológicos en Edesa, donde recibió unos sólidos conocimientos lingüísticos, filosóficos y teológicos. A los 22 años de edad se hizo monje y eremita.

No abundan los datos sobre su vida: en el año 502 es nombrado corepíscopo, oficio eclesiástico que ejercía una jurisdicción delegada del obispo. Durante esta época, visitó muchos monasterios ganándose la estima de monjes y eremitas. En el 519
fue consagrado obispo; y desde ese momento desarrolló un extensa labor pastoral hasta el momento de su muerte, acaecida dos años más tarde. Su fama de santidad lo hizo entrar en la liturgia y en el calendario de los santos. En la Iglesia latina es recordado el 29 de octubre.

Santiago de Sarug ha dejado una obra variada y abundante. Destacan los escritos en verso. Según algunos estudiosos, predicó unas 760 homilías, aunque sólo se han conservado la mitad y no todas han sido publicadas. En los siguientes párrafos, tomados de una de sus homilías sobre la Virgen, destaca el cariño con que Santiago de Sarug habla de la belleza sobrenatural y humana de nuestra Madre del Cielo.

LOARTE

Salviano de Marselha

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Los datos biográficos que se poseen sobre su vida son escasos. Nacido en los primeros años del siglo V, en Colonia o Tréveris, no se sabe con certeza cuando se trasladó al sur de la Galia. Desde el año 426 vive en la comunidad monástica de la isla de Lerins, frente a las costas de Marsella. Tres años mas tarde era sacerdote.

Sus escritos revelan una esmerada formación cultural, y merecen especial atención sus estudios jurídicos. De las numerosas homilías y de su producción literaria se han conservado algunas Cartas y los tratados A la Iglesia y Sobre el gobierno divino. Esta última es su obra más importante, compuesta de ocho libros, en la que desarrolla el tema de la providencia divina. Se dirige a los cristianos para fortalecerles en la fe y en la confianza en Dios, en medio de la situación en que se encontraban los católicos en aquellos tiempos, bajo el dominio de los pueblos germánicos. Junto a la intención apologética, la obra trata de atajar los desórdenes morales del momento y exhorta a la conversión.

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São Romano, o Cantor

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Los escasos datos biográficos que poseemos sobre Romano proceden de dos documentos menores, de origen litúrgico: el Sinasario y el Meneo. Según esos textos, Romano nació en Siria, en la ciudad de Emesa, hacia el 490. Ordenado diácono en Beirut, durante el reinado del Emperador Anastasio se trasladó a Constantinopla, donde fue incorporado a la iglesia de la Santísima Madre de Dios. Allí se entregó a una vida de oración y de mortificación, caracterizada por su devoción a la Virgen. En el santuario de la Madre de Dios, recibió el carisma poético. Cuenta la tradición que una noche de Navidad se le apareció la Virgen y le entregó un rollo para que lo masticara y engulliera. Apenas cumplió su mandato, subió al ambón e improvisó un himno en alabanza del Nacimiento del Señor. La vena poética, milagrosamente desatada en él, inspiró nuevos y numerosos Kondakia, himnos para las principales festividades litúrgicas del año, especialmente las de Cristo y la Virgen. Se dice que compuso un millar de himnos, aunque son muchos menos los que han llegado hasta nosotros. Romano, que ha pasado a la historia con el sobrenombre de el cantor, murió entre el 555 y el 562, y fue sepultado en la iglesia de Ciro, donde se celebra su memoria el 1 de octubre. Aunque los temas de sus composiciones son muy variados, destacan los himnos mariológicos. La figura de la Virgen es contemplada a la luz de la vida y de la obra redentora de su Hijo.

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Minúcio Félix

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MINUCIO FÉLIX era un abogado de Roma, cristiano, que nos ha dejado la única apología escrita en latín y en Roma, el Octavio. Esta apología es al mismo tiempo la mejor escrita de las que tenemos, y ha sido objeto de incontables estudios; su lenguaje es elegante, su exposición serena, su pensamiento claro. El autor tuvo sin duda a Cicerón como modelo, y también se observan influencias de Séneca así como, en menor grado, de otros autores, a los que alguna vez cita. Como es usual en las apologías, no aparecen citas de la Escritura, que no tenía ningún valor especial a los ojos de un pagano, y lo que se explica de la fe de los cristianos se limita a las verdades que podemos conocer con la razón natural.

La exposición toma la forma de una conversación entre tres amigos, uno pagano y dos cristianos, de los cuales uno es el autor y el otro Octavio. El primero en exponer sus argumentos es el pagano, Cecilio; el conocimiento de la verdad, dice, es sumamente incierto, por lo que más vale hacer caso de las enseñanzas de los mayores y seguir la vieja religión pagana, cuyos dioses, además, han dado la prosperidad a Roma; es inaudito que hombres sin cultura se atrevan a pensar lo contrario, y que en su orgullosa ignorancia quieran suplantar a los dioses al paso que viven en la mayor inmoralidad y proponen unas doctrinas inverosímiles. Octavio le responde que esta pretendida incultura y la humildad de los cristianos esconden la verdadera sabiduría, de manera que hasta los filósofos antiguos estuvieron de acuerdo en muchas de las cosas que ellos enseñan; la antigua religión es una mezcla de leyendas y supercherías, y es razonable abandonarla; los cristianos, lejos de ser inmorales, se esfuerzan por vivir de acuerdo con normas muy elevadas, de manera que su comportamiento es casi su mejor defensa. Al final del diálogo, Cecilio queda convencido.


La fecha del escrito, por sus estrechas relaciones con el Apologeticum de Tertuliano, relaciones que son sin embargo difíciles de determinar con precisión, se puede situar alrededor del año 197.

Lactâncio

Fonte


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Llamado el Cicerón cristiano por su elegante manejo de la lengua latina, Lucio Cecilio Firmiano Lactancio nació en el Norte de Africa, hacia el año 250, de familia pagana. Recibió una educación esmerada y adquirió cierto renombre como maestro de Retórica, por lo que el emperador Diocleciano le llamó a Nicomedia, para enseñar en la escuela que había fundado en la nueva capital del Imperio. Fue allí donde probablemente abrazó la fe cristiana. Durante la última gran persecución, hacia el año 303, se vio obligado a abandonar su cátedra y a exilarse en Bitinia. Después del Edicto de Milán, Constantino le llamó a Tréveris para confiarle la educación de Crispo, su hijo mayor. Poco más se sabe de la vida de Lactancio, que debió de morir en torno al año 317.

Entre sus escritos destacan los siete libros sobre las Instituciones divinas, que constituye el primer intento de redactar en latín una suma de toda la fe cristiana. Su enseñanza se desarrolla preferentemente dentro del campo de la moral natural; es muy inferior en los aspectos estrictamente teológicos. También por esta razón, Lactancio no es contado en el número de los Padres de la Iglesia, sino en el de los escritores eclesiásticos.


En los párrafos que se recogen, muestra—contra las fábulas paganas—que la sociedad humana tiene su origen en la voluntad de Dios, que ha creado al hombre a su imagen y semejanza; de ahí deriva el deber de la solidaridad entre los hombres.


LOARTE

João Mandakuni

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Entre la abundante literatura cristiana antigua, la que floreció en Armenia en los siglos IV y V es de las menos conocidas y, sin embargo, de riquísimo contenido espiritual.

Las fuentes documentadas hacen remontar al siglo III la predicación del Cristianismo en Armenia, por obra de San Gregorio el iluminador. Sin embargo, ya antes de esta fecha había cristianos en las regiones meridionales del País, colindantes con Siria, desde donde se realizó la primera evangelización.

La figura central de la literatura armena es San Mesrop, a quien se atribuye la invención del alfabeto armeno. Murió hacia el año 440. Uno de sus sucesores en la sede patriarcal fue Juan Mandakuni, nacido alrededor del 415, que fue catholikós de Armenia desde el año 478 hasta el 490, fecha de su fallecimiento. Modelo de pastor de almas, Juan Mandakuni es autor de homilías, cartas y oraciones, traducidas en gran parte al alemán durante el siglo pasado.

El fragmento que se recoge en las siguientes páginas forma parte de su discurso Sobre la devoción y respeto al recibir el Santísimo Sacramento, en el que pone de relieve la presencia real de Cristo en la Eucaristía y las disposiciones interiores con que los fieles han de recibirle.

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São Germano de Constantinopla

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Nació en Constantinopla o en sus inmediaciones, en una fecha incierta entre el año 634 y el 654. Hacia el 705 fue nombrado obispo de Cicico, metrópoli de la provincia eclesiástica del Helesponto. En el 715 fue nombrado Patriarca de Constantinopla, donde permaneció hasta el 729. Durante la crisis iconoclasta se opuso a la política de León III el Isáurico. El emperador intentó obligar a Germán a firmar un decreto contra el culto de las imágenes. Pero el anciano patriarca, repitiendo las razones que anteriormente había expuesto y su profesión de fe, se negó a obedecer las órdenes imperiales. Luego, despojándose de las insignias de su dignidad patriarcal, pronunció una frase que estaba destinada a gozar de fama imperecedera en la tradición oriental: «si yo soy Jonás, arrójame al mar; pero sin un concilio ecuménico, oh soberano mío, no me es posible establecer una nueva doctrina». Presionado fuertemente por el emperador renunció a su sede y se recluyó en Platanión, donde transcurrieron los últimos años de su vida. Murió en el año 733, siendo casi centenario.

El conocimiento actual de la producción literaria de San Germán permite afirmar que abarca casi todos los campos de la literatura religiosa: teológico, histórico, litúrgico, homilético y epistolar. Entre sus homilías destacan las siete que predicó con ocasión de las principales fiestas de la Santísima Virgen. Los sermones rebosan de la sublimidad y la grandeza del mundo divino. Sin embargo, a pesar de su perfección y de su extrema superioridad, el Cielo no se encuentra distante de la tierra: Dios, a través de María, se abaja hasta el hombre para atraerlo a si. Por eso, se comprende bien que el punto central de la teología mariana de San Germán sea la Maternidad divina de la Santísima Virgen. En estrecha relación con él, aparecen las demás prerrogativas, entre las cuales las más importantes son la inmunidad de Maria frente al pecado original, su Asunción al Cielo y su misión de Medianera de la gracia.

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São Fulgêncio de Ruspe

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San Fulgencio de Ruspe nació en Telepte, Numidia (norte de África) en el año 468. Terminados sus estudios fue elegido procurador de la cludad, pero renunció pronto al cargo, porque la lectura de una página de San Agustín le decidió a abrazar la vida monástica.

La furia de los arrianos le obligó a dejar el monasterio que había fundado y gobernado con ejemplar solicitud, y partió hacia Sicilia con intención de buscar la soledad en Egipto. Mas cuando el Obispo de Siracusa le puso al corriente de los daños que causaba el monofisismo por medio de los monjes egipcios, regresó a su patria, tras una visita a Roma. Allí fundó un nuevo monasterio, del que fue abad. Y ordenado sacerdote en el año 508, ocupó la sede episcopal de Raspe, una pequeña ciudad marítima.

Exiliado con otros sesenta obispos por los invasores vándalos, se refugió en Cerdeña, donde vino a ser el alma y el modelo de aquel grupo de fugitivos. El rey vándalo lo llamó a Cartago para participar en unas discusiones teológicas, pero su celo y su sabiduría alarmaron a los arrianos, que obtuvieron sin dificultad su nueva deportación a Cerdeña.

Restaurada la paz en África con el advenimiento del rey Hilderico, los obispos pudieron regresar a sus diócesis en el 523. A Fulgencio le quedaban aún diez años de fructuosa labor al frente de su grey, hasta que el 1 de enero del 533 lo llamó el Señor.

Escribió numerosas obras, sobre los misterios de la Santísima Trinidad y de la Encarnación, sobre la gracia y la predestinación, defendiendo la doctrina católica contra los errores, siguiendo a San Agustín. Su obra Sobre la fe, a Pedro (o Regla de la verdadera fe), resume magistralmente toda la teología cristiana.

LOARTE

Diodoro de Tarso

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DIODORO DE TARSO nació en Antioquía; allí realizó estudios teológicos, seguidos de otros estudios clásicos en Atenas, de lo cual se quejaría después el emperador Juliano, pues esto le habría permitido atacar con más eficacia el culto de los dioses. De nuevo en Antioquía, dirigió una comunidad monástica, y desde su cátedra en la escuela de esta ciudad defendió con gran valor e insistencia la divinidad de Cristo frente a los ataques del emperador Juliano, que residió allí muchos meses durante su campaña contra los partos. Estuvo desterrado en Armenia por el sucesor de Juliano, y a su muerte regresó y fue consagrado obispo de Tarso, en Cilicia (378), de donde anteriormente había sido obispo un antiguo profesor suyo. Tomó parte en el concilio de Constantinopla del 381, y el emperador Teodosio II le llamó uno de los árbitros más seguros de la ortodoxia. Parece que murió antes del 394.

Sus obras fueron muy numerosas. Como ya hemos dicho, se han perdido en casi su totalidad, pero tenemos listas de ellas. En sus obras de exégesis se atenía exclusivamente a la interpretación filológica e histórica y rechazaba con tesón la alegórica, tratando de buscar lo que habían entendido y querido decir los autores inspirados y no otros sentidos ocultos; había comentado todos los libros del Antiguo Testamento, los Evangelios, los Hechos, la primera carta de San Juan y probablemente otros libros del Nuevo Testamento. En sus numerosas obras apologéticas y polémicas, unas veces largas y otras muchas breves, escribió contra los judíos, contra los paganos y contra los herejes. Otros escritos eran más directamente dogmáticos, y alguno trataba de astronomía y de cronología.


MOLINÉ

São Cesário de Arles

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San Cesáreo de Arles nació hacia el año 470, en el territorio de la actual Chalon-sur-Saone (Francia), punto final de la navegación del Saona, región entonces ocupada por los burgundios. Sus padres pertenecían a una buena familia de origen galo-romano. Admitido como clérigo por el Obispo de Chalon en el año 488, dos años después marchó Ródano abajo e ingresó en el monasterio fundado en la isla de Lerins, frente a Marsella. El rigor de los ayunos debilitó su salud, y tuvo que ser enviado a casa de unos parientes, en Arles, para que se repusiera. Continuó sus estudios y fue ordenado presbítero en el año 500. Tres años más tarde, a la muerte del obispo Fonio, San Cesáreo fue nombrado Obispo de Arles.

 


Esta ciudad era a la sazón una encrucijada de pueblos, lenguas y civilizaciones: el Cristianismo había arraigado, pero aún quedaban resabios paganos y una fuerte influencia arriana, la religión de los godos. San Cesáreo ejerció el episcopado bajo tres régimenes distintos: visigodos, ostrogodos y francos.Tras diversas vicisitudes y enfrentamientos con el poder civil—sufrió destierro en Burdeos—, logró un entendimiento con la autoridad y, paralelamente, alcanzó del Papa el nombramiento de Arles como sede primada, y el derecho a convocar—como legado suyo para Galia e Hispania—diversos Concilios regionales. Muchos de los Sínodos que congregó se ocuparon de la reforma de la disciplina eclesiástica. Importancia especial tuvo el Concilio 11 de Orange, del año 529, donde se condenó el semipelagianismo; fue aprobado poco después por el Papa Bonifacio II.Cesáreo fue un celoso pastor de almas y uno de los más grandes predicadores de la Iglesia latina. El primer puesto entre sus obras lo ocupan 238 sermones. La colección no encierra sólo homilías sobre pasajes bíblicos o fiestas litúrgicas, sino también discursos referentes a la moral de las costumbres, en las que
todavía persistían sustratos paganos. Además escribió dos tratados contra el semipelagianismo y un tercero, más extenso, titulado El misterio de la Santa Trinidad. Se conservan asimismo tres cartas pastorales de instrucción y consejo, y dos reglas monásticas: la Regla para los monjes y la Regla para las vírgenes. Falleció en Aries el 27 de agosto de 543, víspera de la fiesta de su gran maestro, San Agustín.

 


LOARTE

Apolinar de Laodicéia

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APOLINAR DE LAODICEA, contemporáneo de SAN CIRILO DE JERUSALÉN, fue un gran amigo y colaborador de Atanasio, al que apoyó con todas sus fuerzas en su lucha contra el arrianismo. Había nacido en Laodicea, en Siria, alrededor del 310; su padre era presbítero y gramático. Hacia el 361 fue consagrado obispo de la comunidad nicena de Laodicea. Tenía un buen conocimiento de los clásicos, y San Jerónimo fue alumno suyo durante un tiempo. Murió hacia el 390.


A pesar de su profundidad y rigor de pensamiento, su mismo empeño en luchar contra los arrianos le llevó a caer, sin darse cuenta y sin malicia, en el primer error que jalonaría la historia de las controversias cristológicas posteriores. Decidido a mostrar claramente la divinidad de Jesús y la unión profunda de esa divinidad y de la humanidad en Cristo, y considerando que la enseñanza de la escuela de Antioquía podía llevar a entender una doble personalidad en Cristo, concibió una nueva explicación: de los tres elementos que según Platón integran el hombre, el cuerpo, el alma animal y el alma racional, el tercero no existiría como tal en Cristo, y su lugar y función serían desempeñados por el Logos de Dios.


Al principio, esto satisfizo a muchos, pues se explicaba con sencillez, por ejemplo, la impecabilidad de Cristo. Pero luego se advirtió que estaba en contradicción con la enseñanza tradicional de la Iglesia, según la cual la humanidad de Cristo es completa y perfecta. Tanto San Atanasio como los Capadocios y Diodoro de Tarso y Teodoro de Mopsuestia, de los que enseguida hablaremos, escribieron tratados en contra de esta doctrina de Apolinar, que fue luego condenada explícitamente en el concilio de Constantinopla (381).


Esta condenación es responsable de la práctica desaparición de los escritos de Apolinar, de los que nos han llegado sólo los que fueron equivocadamente atribuidos a autores ortodoxos. Los fragmentos existentes de sus obras exegéticas, que según San Jerónimo eran numerosísimas, nos muestran que no se inclina por el método exegético de Antioquía ni por el de Alejandría; de sus obras apologéticas, la más celebrada fue la dirigida contra el filósofo neoplatónico Porfirio; otra de ellas iba dirigida al emperador Juliano, para demostrarle que los filósofos paganos iban muy equivocados en sus ideas sobre Dios; hay también noticia de varias de sus obras antiheréticas y de sus obras dogmáticas, y se conservan dos cartas suyas a Basilio el Grande.


Es interesante mencionar que cuando el emperador Juliano prohibió que los cristianos asistieran a las escuelas públicas y que estudiaran la literatura griega (362), Apolinar, ayudado por su padre, acometió la tarea de escribir poemas épicos basados en los primeros libros de la Biblia para así reemplazar en cierto modo los libros de Homero; escribió también numerosas comedias y tragedias, a imitación de las clásicas pero con argumentos bíblicos, e incluso diálogos cristianos a la manera de los de Platón. Se ha perdido toda esta literatura, a excepción de una Perífrasis de los salmos, que además no es seguro que sea de Apolinar. Por último, con el mismo afán de fortalecer la fe de los cristianos, compuso canciones, que los hombres cantaban en sus banquetes (...) y las mujeres mientras tejían, e himnos litúrgicos, de todo lo cual no nos ha llegado nada.


MOLINÉ

Santo André de Creta

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Nacido en Damasco a mediados del siglo VII, abrazó la vida monástica en un convento de Jerusalén, por lo que también es llamado Andrés Jerosolimitano. Como legado del Patriarca de la Ciudad Santa, asistió al lIl Concilio de Constantinopla, que
condenó la herejía del monotelismo (año 681). Más tarde, consagrado obispo de Creta, defendió la legitimidad del culto a las imágenes. Murió hacia el año 720.

San Andrés de Creta fue un excelente compositor de himnos sagrados, hasta el punto de que la Iglesia oriental ha incorporado algunos a su liturgia. Además se conservan veintidós homilías suyas. Las que se refieren a la Virgen gozan de particular importancia, pues constituyen un testimonio muy elocuente de la fe en la Inmaculada Concepción y en la Asunción corporal de María al Cielo.

Con toda la Tradición de la Iglesia, San Andrés expone que la Concepción de Nuestra Señora es el inicio de la renovación de la naturaleza humana, herida por el pecado original. La Virgen María, preservada por Dios de toda culpa, trae al mundo «las primicias de la nueva creación», siendo—como canta la liturgia—lirio que florece entre espinas y paraíso espiritual donde Jesucristo, el nuevo Adán, establece su morada.

LOARTE

Santo Anastácio Sinaíta

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Monje y sacerdote en el monasterio del Monte Sinaí, San Anastasio murió poco después del año 700. Es, por tanto, uno de los últimos escritores orientales a quienes se reconoce el titulo de Padre de la Iglesia.

Testigo y defensor de la fe, San Anastasio Sinaíta dejó con frecuencia su retiro para refutar las herejías, especialmente el monotelismo—muy desarrollado en Oriente por aquellos años—, que negaba la existencia de una voluntad humana en Jesucristo.

Precisamente la mayor parte de su actividad literaria—poco estudiada aún—se concentró en esta polémica, a la que sólo pondría fin, en el año 681, el Concilio lIl de Constantinopla.
Compuso, además, una pequeña historia de las herejías y de los sínodos eclesiásticos, un comentario al relato bíblico de la Creación, varias homilías y un volumen de preguntas y respuestas sobre cuestiones predominantemente morales.

Entre sus homilías más conocidas se encuentra el Sermón sobre la Santa Sínaxis, donde resume la doctrina sobre la Eucaristía y exhorta a los cristianos a comulgar dignamente.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Las Confesiones

Caros leitores,

As Confissões de Santo Agostinho podem ser lidas no blog. É um livro imprescindível.

domingo, 9 de dezembro de 2007

São Bento da Núrsia

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Por Dom Jerome Theisen, OSB, Abade Primaz da Confederação Beneditina (+1995).

Por ocasião da dedicação do Mosteiro de Monte Cassino em 1964, após sua reconstrução, o Papa Paulo VI proclamou São Bento (ca. 480 - ca. 547) patrono principal de toda a Europa. O título, apesar de um pouco exagerado, é verdadeiro sob vários aspectos. São Bento não construiu o Mosteiro de Monte Cassino com a intenção de salvar a cultura, mas, de fato, os mosteiros que depois seguiram a sua Regra foram lugares onde o conhecimento e os manuscritos foram preservados. Por mais de seis séculos, a cultura cristã da Europa medieval praticamente coincidiu com os centros monásticos de piedade e estudo.

São Bento não foi o fundador do monaquismo cristão, tendo vivido quase três séculos depois do seu surgimento no Egito, na Palestina e na Ásia Menor. Tornou-se monge ainda jovem e desde então aprendeu a tradição pelo contato com outros monges e lendo a literatura monástica. Foi atraído pelo movimento monástico, mas acabou dando-lhe novos e frutuosos rumos. Isto fica evidente na Regra que escreveu para os mosteiros, e que ainda hoje é usada em inúmeros mosteiros e conventos no mundo inteiro.

A tradição diz que São Bento viveu entre 480 e 547, embora não se possa afirmar com certeza que essas datas sejam historicamente acuradas. Seu biógrafo, São Gregório Magno, papa de 590 a 604, não registra as datas de seu nascimento e morte, mas se refere a uma Regra escrita por Bento. Há discussões com relação à datação da Regra, mas parece existir um consenso de que tenha sido escrita na primeira metade do século VI.

São Gregório escreveu sobre São Bento no seu Segundo Livro dos Diálogos (versão inglesa disponível em Dialogues), mas seu relato da vida e dos milagres de Bento não pode ser encarado como uma biografia no sentido moderno do termo. A intenção de Gregório ao escrever a vida de Bento foi a de edificar e inspirar, não a de compilar os detalhes de sua vida quotidiana. Buscava mostrar que os santos de Deus, em particular São Bento, ainda operavam na Igreja Cristã, apesar de todo o caos político e religioso da época. Por outro lado, seria falso afirmar que Gregório nada apresenta em seu texto sobre a vida e a obra de Bento.

De acordo com os Diálogos de São Gregório, Bento (e sua irmã gêmea, Escolástica) nasceu em Núrsia, um vilarejo no alto das montanhas, a nordeste de Roma. Seus pais o mandaram para Roma a fim de estudar, mas ele achou a vida da cidade eterna degenerada demais para o seu gosto. Por conseguinte, fugiu para um lugar a sudeste de Roma, chamado Subiaco, onde morou como eremita por três anos, com o apoio do monge Romano.

Foi então descoberto por um grupo de monges que o incitaram a se tornar o seu líder espiritual. Mas o seu regime logo se tornou excessivo para os monges indolentes, que planejaram então envenená-lo. Gregório narra como Bento escapou ao abençoar o cálice contendo o vinho envenenado, que se quebrou em inúmeros pedaços. Depois disso, preferiu se afastar dos monges indisciplinados.

São Bento estabeleceu doze mosteiros com doze monges cada, na região ao sul de Roma. Mais tarde, talvez em 529, mudou-se para Monte Cassino, 130 km a sudeste de Roma; ali destruiu o templo pagão dedicado a Apolo e construiu seu primeiro mosteiro. Também ali escreveu sua Regra para o Mosteiro do Monte Cassino, já prevendo que ela poderia ser usada em outros lugares.

Os 38 pequenos capítulos do Segundo Livro dos Diálogos contêm vários episódios da vida e dos milagres de São Bento (versão em inglês disponível em Dialogues). Alguns capítulos falam da sua habilidade em ler o pensamento das pessoas, outros, dos seus feitos miraculosos, como, por exemplo, fazer brotar água da rocha, um discípulo andar sobre a água, e um jarro de óleo nunca se esgotar. As estórias de milagres fazem eco aos acontecimentos da vida de certos profetas de Israel, e também da vida de Jesus. A mensagem é clara: a santidade de Bento é como a dos santos e profetas de antigamente, e Deus não abandonou o seu povo, mas continua a abençoá-lo com homens santos.

Bento deve ser encarado como um líder monástico, não como um erudito. Provavelmente conhecia bem o latim, o que lhe dava acesso aos escritos de Cassiano e outros, incluindo regras e sentenças. Sua Regra é o único texto conhecido de Bento, mas é suficiente para manifestar a sua habilidade genial para cristalizar o melhor da tradição monástica e passá-la para o Ocidente.

Gregório apresenta Bento como modelo de santo que foge da tentação para levar uma vida de atenção à presença de Deus. Através de um esquema equilibrado de vida e oração, Bento chegou ao ponto de se aproximar da glória de Deus. Gregório narra a visão que Bento teve quando sua vida chegava ao fim: "De súbito, na calada da noite, olhou para cima e viu uma luz que se difundia do alto e dissipava as trevas da noite, brilhando com tal esplendor que, apesar de raiar nas trevas, superava o dia em claridade. Nesta visão, seguiu-se uma coisa admirável, pois, como depois ele mesmo contou, também o mundo inteiro lhe apareceu ante os olhos, como que concentrado num só raio de sol" (cap. 34). São Bento, o monge por excelência, levou um tipo de vida monástica que o conduziu à visão de Deus.

Traduzido de The Modern Catholic Encyclopedia, The Liturgical Press (1995), 77-78.

A Santíssima Trindade

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Conta-se que Santo Agostinho andava em uma praia meditando sobre o mistério da Santíssima Trindade: um Deus em três pessoas distintas...

Enquanto caminhava, observou um menino que portava uma pequena tigela com água. A criança ia até o mar, trazia a água e derramava dentro de um pequeno buraco que havia feito.

Após ver repetidas vezes o menino fazer a mesma coisa, resolveu interrogá-lo sobre o que pretendia.

O menino, olhando-o, respondeu com simplicidade: -"estou querendo colocar a água do mar neste buraco".

Santo Agostinho sorriu e respondeu-lhe: -"mas você não percebe que é impossível?".

Então, novamente olhando para Santo Agostinho, o menino respondeu-lhe: "ora, é mais fácil a água do mar caber nesse pequeno buraco do que o mistério da Santíssima Trindade ser entendido por um homem!". E continuou: "Quem fita o sol, deslumbra-se e quem persistisse em fitá-lo, cegaria. Assim sucede com os mistérios da religião: quem pretende compreendê-los deslumbra-se e quem se obstinasse em os perscrutar perderia totalmente a fé" .

sábado, 8 de dezembro de 2007

Antífonas Adventícias

O Emmanuel



O Rex Gentium



O Oriens



O Clavis



O Radix



O Adonai

Canto Gregoriano

Dos freis estudantes da Província Dominicana da Inglaterra.

Credo




Oratio Jeremiae





Laetabundus

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Conversão

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De São João Crisóstomo:

O mais grave é que, encontrando-nos neste estado [de pecado], não pensamos na deformidade da nossa alma nem nos damos conta do seu aspecto horrível. Quando te sentas numa barbearia para cortar o cabelo, imediatamente tomas na mão um espelho e olhas e voltas a olhar como vai ficando o corte e perguntas aos presentes e ao próprio barbeiro se ficou bem o topete da frente. E, mesmo que já sejas um velho, muitas vezes não te envergonhas da mania de imitar a gente jovem. Mas de que a nossa alma esteja deformada, e até de que tenha assumido o aspecto de uma fera [...], nem sequer nos damos conta. No entanto, também aqui dispomos de um espelho espiritual, muito melhor e mais proveitoso que o outro, material. Este espelho não somente põe diante de nós a nossa deformidade, mas até, se o quisermos, pode transformá-la em beleza incomparável. Este espelho é a memória dos homens santos, as histórias da sua vida bem-aventurada, a lição das Escrituras, as leis que por Deus nos foram dadas. Se alguma vez decidires olhar para as imagens desses santos, não somente verás a deformidade da tua própria alma, mas, assim que a vires, não precisarás de mais nada para libertar-te dessa fealdade. Tão proveitoso é para nós esse espelho e com tal facilidade realiza a transformação.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Canto Gregoriano

sábado, 3 de novembro de 2007

Olavo de Carvalho na TV

 Sugiro esse vídeo a meus caríssimos leitores, conhecedores da capacidade, da honestidade e da abrangência filosófica do Prof. Olavo de Carvalho. Em seu programa True Outspeak de 29 de Outubro, ele aborda assuntos de imensa importância: o aborto e a engenharia comportamental.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

O Mistério da Encarnação

De São Pedro Crisólogo


Quando a Virgem concebe, virgem dá à luz e permanece virgem, isso não entra na ordem da natureza, mas dos sinais divinos; não é segundo a razão humana, mas conforme ao poder de Deus; é o Criador que actua, não a natureza humana; não é caso comum, mas único; é obra divina e não humana. O nascimento de Cristo não foi consequência necessária da natureza, mas do poder de Deus. Foi o mistério da piedade, a redenção da humanidade. Aquele que, sem nascer, fez o homem do barro intacto, fez-Se homem nascendo de um corpo também intacto. A mão que se dignou tomar o barro para formar o nosso corpo, também se dignou tomar a nossa carne para nos salvar. Por isso, o facto de o Criador estar na sua criatura e de Deus habitar em carne humana, é uma honra para a criatura e não uma afronta para o Criador.
Ó homem, porque te consideras tão vil, tu que és tão precioso para Deus? Porque é que, sendo tu tão honrado por Deus, tanto te desonras a ti mesmo? Porque perguntas de que é que foste feito e não queres saber para que foste feito? Porventura todo este mundo que vês não foi feito para ser tua morada? Para ti foi criada a luz que dissipa as trevas que te circundam; para ti foi regulada a sucessão dos dias e das noites; para ti foi iluminado o céu com o variado fulgor do sol, da lua e das estrelas; para ti foi ornamentada a terra com flores, bosques e frutos; para ti foi criada a admirável multidão dos seres vivos que habitam nos ares, nos campos e nas águas, a fim de que uma triste solidão te não ensombrasse a alegria do mundo recém-criado.
Mas o teu Criador pensou no modo de aumentar ainda mais a tua glória: gravou em ti a sua própria imagem, para que houvesse na terra uma imagem visível do Criador invisível, e colocou-te como seu representante sobre as coisas terrenas, para que um domínio tão vasto como é o mundo não ficasse privado de um vicário do seu Senhor.
Deus, na sua bondade, assumiu em Si o que para Si tinha feito em ti; quis ser visto realmente no homem, onde antes apenas era contemplado como imagem; quis que nele fosse uma realidade o que antes era apenas uma semelhança.
Cristo nasce, portanto, para renovar com o seu nascimento a natureza corrompida; fez-Se criança, quis ser alimentado, passou pelas diversas idades da vida humana, para restaurar a única idade perfeita e permanente como Ele a tinha criado; toma sobre Si a vida humana, para que o homem não volte a cair; tinha-o feito terreno e torna-o celeste; tinha-lhe dado uma alma humana e agora comunica-lhe o espírito divino; e assim eleva o homem à dignidade divina, para que desapareça tudo o que nele havia de pecado, de morte, de fadiga, de sofrimento, de terreno, pela graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus e vive e reina com o Pai na unidade do Espírito Santo, agora e sempre e pelos infinitos séculos dos séculos. Amen.

Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo

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De São Jerônimo

Cumpro o meu dever, obedecendo aos preceitos de Cristo, que diz: Examinai as Escrituras, e: Procurai e encontrareis, para que não tenha de ouvir o que foi dito aos judeus: Estais enganados, porque não conheceis as Escrituras nem o poder de Deus. Se, de facto, como diz o apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, aquele que não conhece as Escrituras não conhece o poder de Deus nem a sua sabedoria. Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo.
Por isso quero imitar o pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e antigas, e também a esposa que diz no Cântico dos Cânticos: Guardei para ti, meu amado, frutos novos e antigos. Assim comentarei o livro de Isaías, apresentando o não apenas como profeta, mas também como evangelista e apóstolo. Ele próprio diz, referindo se a si e aos outros evangelistas: Como são belos, sobre os montes, os pés dos que anunciam boas novas, dos que anunciam a paz. E Deus fala lhe como a um apóstolo: A quem hei de enviar? Quem irá ter com este povo? E ele respondeu: Eis me aqui, enviai me.
Ninguém julgue que eu desejo explicar de modo completo, em tão poucas palavras, o conteúdo deste livro da Escritura, que abrange todos os mistérios do Senhor. Efectivamente, no livro de Isaías o Senhor é preanunciado como o Emanuel que nasceu da Virgem, como autor de prodígios e milagres, como morto, sepultado e ressuscitado de entre os mortos e como Salvador de todos os povos. Que dizer da sua doutrina sobre física, ética e lógica? Este livro é como um compêndio de todas as Escrituras e contém em si tudo o que a língua humana pode exprimir e a inteligência dos mortais pode compreender. Da profundidade dos seus mistérios dá testemunho o próprio autor quando escreve: Para vós toda a visão será como as palavras de um livro selado. Se se dá a quem sabe ler, dizendo: «Lê o por favor», ele responde: «Não posso, porque está selado». E se se dá a quem não sabe ler, dizendo: «Lê o por favor», ele responde: «Não sei ler».
E se parece débil a alguém esta reflexão, oiça o que diz o Apóstolo: As aspirações dos profetas sejam submetidas aos profetas, de modo que tenham possibilidade de falar ou de se calar. Portanto, os Profetas compreendiam o que diziam e por isso todas as suas palavras estão cheias de sabedoria e de sentido. Aos seus ouvidos não chegavam apenas as vibrações da voz; Deus falava ao seu espírito, como diz outro profeta: O Anjo falava em mim; e também: Clama nos nossos corações: Abba, Pai; e ainda: Escutarei o que diz o Senhor.

A Encarnação do Verbo

Do Tomus ad Flavianum, de São Leão Magno, papa – século V

Na encarnação do Verbo, a humildade foi acolhida pela majestade; a fraqueza, pela força; a mortalidade, pela eternidade. Para atender à dívida de nossa condição, a natureza inviolável uniu-se à natureza passível. Deste modo, bem condizente com nossa recuperação, o único e mesmo mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, poderia morrer mediante uma das naturezas e não morrer pela outra[1].

Portanto, na íntegra e perfeita natureza de verdadeiro homem, nasceu o verdadeiro Deus, todo (Deus) no que lhe é próprio, todo (homem) no que é nosso. Referimo-nos ao que é nosso, ao que no início o Criador criou em nós e que assumiu para restaurá-lo[2].

Porque nem o mais leva vestígio se encontrou no Salvador daquilo que o Sedutor sugeriu e que o homem, enganado, admitiu. E, pelo fato de ter aceitado a comunhão com as fraquezas humanas, não quer isto dizer que se tenha tornado participante de nossos delitos. Assumiu a forma de escravo, sem a mancha do pecado, engrandecendo o humano, sem diminuir o divino. Porque o abaixamento, pelo qual o invisível se mostrou visível e o Criador de tudo quis ser um dos mortais, foi uma condescendência de misericórdia, não uma falha do poder. Por conseguinte, aquele que, na forma de Deus, fez o homem, este mesmo fez-se homem, na forma de escravo[3].

Entrou, pois, neste mundo insignificante o Filho de Deus, descendo do trono celeste, sem se afastar da glória paterna, gerado por nova ordem, novo nascimento[4]. Nova ordem, porque, invisível em si, fez-se visível como nós; incompreensível, quis ser compreendido; vivo antes dos tempos, começou a existir no tempo. O Senhor do universo envolvendo na sombra a imensidão de sua majestade, tomou sobre si a forma de servo; o Deus impassível não rejeitou ser homem passível, e o imortal, submeter-se às leis da morte. Aquele que é verdadeiro Deus, ele mesmo é verdadeiro homem; e nesta unidade nada há de falso; estão um para o outro, a humildade do homem e a grandeza da Divindade.

E do mesmo modo como Deus não muda pela comiseração (de se fazer um de nós), também o homem não é esmagado pela dignidade (de ter sua natureza unida a uma Pessoa divina). Cada uma das naturezas age, em comunhão com a outra, segundo o que lhe é próprio: o Verbo opera o que compete ao Verbo, e a carne realiza o que é da carne[5]. Um refulge com os milagres, a outra sucumbe aos maus tratos. E como o Verbo não se afasta da igualdade com a glória do Pai, também a carne não deixa a natureza de nossa raça. É um só o mesmo – há que se repetir muitas vezes – verdadeiramente Filho de Deus e verdadeiramente filho do homem. Deus, porque “no princípio era o Verbo, e o Verbo era junto de Deus, e o Verbo era Deus”; homem porque “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”.



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[1] Em Jesus, a grandeza da natureza divina uniu-se à pobreza da natureza humana. Em Nosso Senhor há uma só Pessoa divina, aquela do Filho eterno. Esse Filho sempre teve a natureza divina; sem deixar de ser Deus, assumiu, no entanto, a natureza humana igual à nossa. Na Encarnação, Deus se humanizou!

[2] Aqui São Leão insiste em dois pontos importantes: Jesus é Deus perfeito e homem perfeito; a natureza humana que Jesus assumiu não foi a nossa natureza quebrada, mas a natureza humana íntegra, como Deus sonhara antes do pecado do homem. Em outras palavras: Jesus nunca teve pecado e, por isso, é mais humano que nós, humanamente perfeito.

[3] A fraqueza humana que o Filho eterno assumiu na encarnação não é uma fraqueza moral, mas a fraqueza própria da nossa natureza como criatura, além de ter que sofrer as conseqüências, de viver e conviver num mundo e numa sociedade profundamente marcados pelo pecado e suas conseqüências: traição, inveja, dureza, descrença. Sendo santíssimo, Jesus sofreu tudo isso e com tudo isso teve que viver.

[4]: Há, aqui, um aspecto da encarnação que, geralmente, não se enfatiza: o Filho fez-se homem: sendo uma pessoa divina infinita, eterna e imutável, assumiu uma natureza humana miúda e finita, mutável e limitada como a nossa. No entanto, sua natureza divina, que é a mesma do Pai e do Espírito Santo, é infinita, imutável e eterna. Resultado: de um modo que jamais nós compreenderemos nem de longe, o Filho que, como homem estava no seio de Maria ou reclinado no presépio ou andando pela Galiléia ou morrendo na cruz, como Deus (na sua natureza humana) jamais deixou a Direita do Pai e preenche e sustenta o céu e a terra! É absolutamente impossível compreender este mistério, como também é absolutamente necessário afirmar e crer nesta misteriosa realidade. Nunca esqueçamos: Jesus é uma pessoa divina, com uma natureza verdadeiramente divina (a mesma do Pai e do Espírito Santo) e verdadeiramente humana (semelhante à nossa). Esta é a fé da Igreja, a nossa fé.

[5] Jesus é homem perfeito e Deus perfeito: na sua natureza divina, ele age como Deus, na sua natureza humana, ele age como homem. Podemos esquematizar assim: Quem age? Sempre a pessoa divina do Verbo, Filho de Deus. Como age? Quando faz o que é próprio de Deus, age na natureza divina; quando faz o que é próprio do homem, age na natureza humana. Por exemplo: na natureza divina sustenta o céu e a terra; na natureza humana tem sede e se sente cansado.

Dia de Finados

Subscrevo o que disse o confrade Réprobo, ao referir-se ao conflito interior que nos vem no Dia de celebrar a Memória de nossos mortos:
Cada visita ao Cemitério, mormente em dias sinificativos, desencadeia o irremovível embate entre a Esperança de que Aqueles a Que queremos tenham alcançado a Felicidade e o egoísmo do desejo - em saudade encapotado - de Os termos entre nós. Como permitir a coexistência pacífica da urgência da proximidade terrena com a tranquilidade ancorada na Fé? Uma absoluta unilateralidade repousando na certeza de que Os que nos deixaram foram para Melhor Sítio também não seria estimável, pois demasiada candidez gera insensibilidade. Paradoxalmente a solução está no que já os melhores de nós alcançam: articular a dor sentida como peça rumo ao Ideal Revelado, sem que sofrer permita resvalar para o desespero. Eu ainda tenho muito que andar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

A beleza da Cruz

De São Teodoro Estudita


Ó preciosíssimo dom da cruz! Vede o esplendor de sua forma! Não mostra uma figura mesclada de bem e de mal como aquela árvore do Paraíso, mas totalmente bela e excelente à vista e ao paladar. É uma árvore geradora de vida, não de morte; ilumina, não cobre de trevas; introduz no Paraíso, dele não expulsa; árvore em que Cristo, qual rei, com bravura sobe e vence o demônio, detentor do poder da morte e liberta o gênero humano da escravidão tirânica.


Sobre esta árvore o Senhor, qual valente guerreiro, ferido durante o combate em suas mãos, pés e lábios divinos, curou as chagas do pecado e nossa natureza ferida pelo mortífero dragão.


Mortos no princípio pela árvore, agora, pela árvore, recuperamos a vida; enganados antes pela árvore, na árvore repelimos a astuciosa serpente. Na verdade, novas e extraordinárias mudanças. Em vez da morte, dá-se a vida; em lugar da corrupção, a incorrupção; do opróbrio, a glória.


Tinha razão de exclamar o santo Apóstolo: “Quanto a mim, não quero gloriar-me a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo!” Pois a máxima sabedoria, aquela que floresceu da cruz, desafia a jactância da sabedoria do mundo e a arrogância da tolice. O tronco de todos os bens, elevado na cruz, extirpou todos os brotos da maldade e da injustiça.


Já as prefigurações desta árvore desde o princípio do mundo foram sinais e indícios de fatos em extremo admiráveis. Veja, quem tem vontade de saber. Noé, com seus filhos e as esposas, e com todas as espécies de animais, não se livrou da morte no dilúvio decretado por Deus numa pequena quantidade de madeira? E a vara de Moisés? Não é figura da cruz? Ora mudando a água em sangue, ora devorando as fictícias serpentes dos magos, ora dividindo o mar com seu toque, ora fazendo voltar as ondas a seu lugar e submergindo os inimigos. Mas sempre salvando aquele povo escolhido. Ainda figura da cruz, a vara de Aarão reverdecendo no mesmo dia, revelando o sacerdote legítimo.


Abraão também prefigurou-a ao pôr o filho amarrado sobre o feixe de lenha. Pela cruz a morte foi destruída e Adão recuperou a vida. Da cruz gloria-se todo apóstolo, por ela todo mártir é coroado, todo justo é santificado. Pela cruz revestimo-nos de Cristo, despojamo-nos do velho homem. Pela cruz, nós, ovelhas de Cristo, nos reunimos em um só rebanho, destinados que somos aos campos celestes.

A verdadeira Igreja na autêntica Tradição

De Tertuliano


Cristo Jesus, nosso Senhor, durante a sua vida terrena, ensinou quem era ele, quem tinha sido desde sempre, qual era a vontade do Pai que vinha cumprir e qual devia ser o comportamento do homem. Ensinava estas coisas ora em público, diante de todo o povo, ora em particular, aos seus discípulos. Dentre estes escolheu Doze para estarem a seu lado, e que destinou para serem os principais mestres das nações[1].


Quando, depois da sua ressurreição, estava prestes a voltar para o Pai, ordenou aos onze que fossem ensinar a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Imediatamente os apóstolos chamaram por sorteio a Matias como duodécimo para ocupar o lugar de Judas... Depois de receberem a força do Espírito Santo com o dom de falar e de realizar milagres, começaram a dar testemunho da fé em Jesus Cristo na Judéia, onde fundaram Igrejas[2]; partiram em seguida por todo o mundo, proclamando a mesma doutrina e a mesma fé entre os povos. Em cada cidade por onde passaram fundaram Igrejas, nas quais outras Igrejas que se fundaram e continuam a ser fundadas foram buscar mudas de fé e sementes de doutrina. Por esta razão, são também consideradas apostólicas, porque descendem das Igrejas dos apóstolos[3].


Toda família deve ser necessariamente considerada segundo sua origem. Por isso, apesar de serem tão numerosas e tão importantes, estas Igrejas não foram senão uma só Igreja: a primeira, que foi fundada pelos apóstolos e é a origem de todas as outras. Assim, todas elas são primeiras e apostólicas, porque todas formam uma só. A comunhão na paz, a mesma linguagem da fraternidade e os laços de hospitalidade manifestam a sua unidade. Estes direitos só têm uma razão de ser: a unidade da mesma tradição sacramental[4].


Se quisermos saber o conteúdo da pregação dos apóstolos e, portanto, Jesus Cristo lhes revelou, é preciso recorrer a estas mesmas Igrejas fundadas pelos próprios apóstolos e às quais pregaram de viva voz, quer por seus escritos[5].


O Senhor realmente havia dito em certa ocasião: Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora; e acrescentou: quando,porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade (Jo 16,12s). Com estas palavras revelou aos apóstolos que nada ficariam ignorando, porque prometeu-lhes o Espírito da Verdade que os levaria ao conhecimento da plena verdade. E, sem dúvida alguma, esta promessa foi cumprida, como provam os Atos dos Apóstolos ao narrarem a descida do Espírito Santo[6].

[1] Aqui Tertuliano radica a Tradição apostólica. Notem como o Evangelho de Cristo nunca foi visto na Igreja simplesmente como um texto escrito, mas sim, como um anúncio salvífico confiado por Cristo à Igreja e, especialmente, aos Doze. Este anúncio tem como conteúdo o próprio Cristo morto e ressuscitado por nós.

[2] “Igrejas” no plural é aquilo que hoje chamamos de “dioceses”.

[3] Notem como já desde o início do cristianismo, é de importância capital a fidelidade à continuidade que vem de Cristo por meio dos Doze e seus sucessores, que fundaram as Igrejas. É preciso dizer com toda franqueza: uma concepção de Igreja como a dos protestantes rompe completamente com o sentido de Igreja existente no Novo Testamento e na antiguidade cristã.

[4] Aqui aparece a importância da unidade da Igreja. Cristo fundou uma só Igreja e esta deve ser una e sacramento de unidade do gênero humano: una na fé, na disciplina sacramental, na caridade fraterna; una na Eucaristia e na unidade com os mesmos pastores, que têm como referência última neste mundo o Bispo de Roma.

[5] Outro dado importantíssimo: a fé da Igreja não pode nunca derivar de uma interpretação somente da Bíblia e, muito menos, de uma interpretação privada de algum iluminado excêntrico! A pregação funda-se na Tradição, seja na sua forma escrita (Bíblia), seja na sua forma oral (o complexo da vida de Igreja). Quem garante esta Tradição é o Espírito Santo, como está dito mais abaixo e quem a discerne com autoridade dada por Cristo são os Bispos em comunhão com o Bispo de Roma.

[6] Outra idéia preciosa: a fé da Igreja não é uma realidade enferrujada, fossilizada, como peça de museu. Ela evoluirá sempre, fiel às suas origens e sempre mais aprofundando o mistério de Cristo e suas conseqüências, nos confronto criativo com as novas realidades. Quem garante este processo, para que a evolução não se torne traição? O Espírito da Verdade Cristo prometeu e deu à sua Igreja. Que órgão é responsável para discernir tudo isso? O Magistério – Bispos em comunhão com o Papa - com a autoridade dada por Cristo. Como é belo ver neste texto do século III a consciência da nossa fé tão clara! Que pena que tantos, com a Escritura debaixo do braço estejam tão longe dessa percepção do que seja a Igreja autêntica!

Tu és verdadeiramente Mãe de Deus, ó Virgem Maria

De São Cirilo de Alexandria

Causa-me profunda admiração haver alguns que duvidam em dar à Virgem Santíssima o título de Mãe de Deus. Realmente, se nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que motivo não pode ser chamada de Mãe de Deus a Virgem Santíssima que o gerou? Esta verdade nos foi transmitida pelos discípulos do Senhor, embora não usassem esta expressão. Assim fomos também instruídos pelos Santos Padres. Em particular, Santo Atanásio, nosso pai na fé, de ilustre memória, na terceira parte do livro que escreveu sobre a santa e consubstancial Trindade, dá frequentemente à virgem Santíssima o título de Mãe de Deus.

Vejo-me obrigado a citar aqui suas palavras, que têm o seguinte teor: “a Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem por finalidade e característica afirmar de Cristo Salvador estas duas coisas: que ele é Deus e nunca deixou de o ser, visto que é o Verbo do Pai, seu esplendor e sabedoria; e também que nestes últimos tempos, por causa de nós, se fez homem, assumindo um corpo da virgem Maria, Mãe de Deus”.

E continua mais adiante: “Houve muitos que já nasceram santos e livres de todo pecado. Por exemplo: Jeremias foi santificado desde o seio materno; também João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria ao ouvir a voz de Maria, Mãe de Deus”. (Observação minha: Aqui, São Cirilo e Santo Atanásio não estão afirmando que Jeremias e João Batista foram imaculados desde a conceição, como a Virgem Maria. Nossa Senhor foi imaculada desde o primeiríssimo momento da sua concepção. Esses dois profetas, concebidos como pecadores, forma purificados num determinado momento do período de gravidez. João, por exemplo, no sexto mês da gestação materna... A imaculada conceição diz respeito única e exclusivamente à Toda Santa Virgem Maria Mãe de Deus). Estas palavras são de um homem inteiramente digno de lhe darmos crédito, sem receio, e a quem podemos seguir com toda segurança. Com efeito, ele jamais pronunciou uma só palavra que fosse contrária às Sagradas Escrituras (Observação minha: É muito belo o elogio que São Cirilo faz ao seu antecessor na sede episcopal de Alexandria. De fato, Santo Atanásio foi o grande defensor da divindade de Cristo, contra a heresia ariana. Por isso mesmo, chegou a ser exilado de sua diocese cinco vezes pelo Imperador. E pensar que ignorante e espertalhão autor do Código da Vinci, afirma que foi o imperador quem forçou a proclamar Cristo como Deus. Mentira! Os bispos é que sofreram para defender, contra alguns imperadores, a verdadeira fé na divindade de Cristo).

De fato, a Escritura, verdadeiramente inspirada por Deus, afirma que o Verbo de Deus se fez carne, quer dizer, uniu-se à carne dotada de alma racional. Portanto, o Verbo de Deus assumiu a descendência de Abraão e, formando para si um corpo vindo de uma mulher, tornou-se participante da carne e do sangue. Assim, já não é somente Deus mas homem também, semelhante a nós, em virtude da sua união com a nossa natureza.

Por conseguinte, o Emanuel, Deus-conosco, possui duas realidades, isto é, a divindade e a humanidade. Todavia, é um só o Senhor Jesus Cristo, único e verdadeiro Filho por natureza, ainda que ao mesmo tempo Deus e homem. Não é apenas um homem divinizado, igual àqueles que pela graça se tornam participantes da natureza divina; (Observação minha: Aqui, São Cirilo refere-se ao cristão que, batizado, recebe o Espírito de Cristo e, como filho no filho Jesus, torna-se participante da natureza divina); mas é verdadeiro Deus, que para nossa salvação, se tornou visível em forma humana, conforme Paulo testemunha com as seguintes palavras: Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva (Gl 4,4-5).

Sobre as tentações de Jesus

De Orígenes

A vida dos mortais está cheia de laços de escândalos e de redes de ilusões, armadas contra o gênero humano por aquele gigante caçador, inimigo do Senhor, que é chamado Nemrod. Quem é esse verdadeiro gigante senão o demônio, que se revolta contra o próprio Deus? Os laços das tentações e as armadilhas das insídias são, pois, chamadas redes do demônio. E porque o inimigo estendera essas redes em toda parte e apanhara quase todos, tornou-se necessário que aparecesse alguém mais forte e poderoso, que as pudesse romper e abrir o caminho para aqueles que o seguiam.

Eis porque o Salvador, antes de se unir à Igreja como Esposo, é tentado pelo demônio, para que, vencendo pela tentação as redes das tentações, olhasse e chamasse a si a Igreja, ensinando-lhe e mostrando-lhe que não se chega a Cristo pelo ócio e pelas delícias, mas por meio de muitas tribulações e tentações. Não havia, com efeito, outro que pudesse superar essas redes. Pois todos, como está escrito, pecaram (Rm 3,23); e de novo, como diz a Escritura: Não há nenhum justo sobre a terra, que faça o bem sem jamais pecar (Ecl 7,20); e ainda: “Ninguém está isento de pecado, nem mesmo se sua vida tiver durando um só dia”.

Somente Jesus, nosso Senhor e Salvador, não pecou; mas o Pai o fez pecado por nós (2Cor 5,21), enviando-o numa condição semelhante àquela da humanidade pecadora para, justamente por causa do pecado, condenar o pecado em nossa condição humana (cf. Rm 8,3). Entrou, pois, naquelas redes, mas foi o único que não pôde ser envolvido por elas; pelo contrário, tendo-as rompido e reduzido a pedaços, faz com que sua Igreja confie, para que ouse doravante romper os laços e ultrapassar as redes, dizendo com toda alegria: Nossa alma como um pássaro escapou do laço que lhe armara o caçador; rompeu-se o laço, e assim nós conseguimos libertar-nos (Sl 123/124,7).

Quem, pois, rompeu o laço senão o único que não podia permanecer prisioneiro? Embora tenha morrido, foi voluntariamente que morreu, e não como nós, por causa do pecado. Só ele foi livre entre os mortos. E, porque só ele foi livre entre os mortos, tendo vencido quem tinha o poder da morte, libertou os cativos que estavam retidos pela morte. Não só ressuscitou a si mesmo dos mortos, mas também despertou, ao mesmo tempo, os que estavam prisioneiros da morte, introduzindo-os nos céus. Subindo, pois, ao alto, levou consigo os cativos, não libertando apenas as almas, mas ressuscitando também os seus corpos, conforme atesta o Evangelho: Os corpos de muitos santos ressuscitaram e apareceram a muitos, e entraram na cidade santa do Deus vivo, Jerusalém (cf. Mt 27, 52.53).

O mistério da Páscoa do Senhor

De São Gregório Nazianzeno



É a Páscoa do Senhor! Festa das festas, solenidade das solenidades!

É a Páscoa do Senhor, a Páscoa do Senhor, direi outra vez em honra da Trindade: é a Páscoa do Senhor! Festa das festas, solenidade das solenidades, eleva-se, não somente acima das festas humanas e terrestres, mas até mesmo das que são de Cristo e se celebram em sua honra, assim como o sol que obscurece a luz das estrelas. Que belo espetáculo, o de ontem, das vestimentas alvas e das luzes, nossa obra, a um tempo pessoal e comum, quando homens de todas as condições e de todas as categorias iluminavam a noite com o fulgor das lâmpadas.

Essa imensa claridade assemelhava-se à luz ofuscante que o céu nos envia do alto como um sinal, iluminando o universo com o fulgor dos astros. A imagem dessa luz era também superior à beleza das estrelas, dos anjos e da Trindade – os anjos participando da luz da Trindade – luz indivisa da qual procede toda luz, comunicando-lhes o fulgor.

Mais brilhante e mais excelente é a solenidade de hoje. Pois a luz de ontem era o prenúncio desta grande luz que surge, era como o alegre prelúdio da festa. Hoje celebramos a própria ressurreição, não mais como esperança, mas como realidade, que atrai para si todo o universo.

Ontem, imolava-se o cordeiro; marcava-se com seu sangue os portais; o Egito chorava seus primogênitos; o Exterminador poupava-nos, diante de um sinal que respeitava e temia; um sangue precioso protegia-nos. Hoje, purificados, fugimos do Egito, do Faraó, cruel soberano, e de seus implacáveis feitores. Já não estamos condenados à argamassa e ao tijolo, e ninguém nos impedirá de celebrar, em honra do Senhor nosso Deus, o dia em que saímos do Egito, e de celebrá-lo não com o velho fermento nem com o fermento da maldade ou da iniqüidade, mas com os pães ázimos da sinceridade e da verdade (1Cor 5, 8).

Ontem, eu estava crucificado com Cristo; hoje, sou glorificado com ele. Ontem, eu estava sepultado com Cristo; hoje, saio com ele do túmulo. Levemos, pois, nossas primícias àquele que sofreu e ressuscitou por nós. Credes que falo aqui de ouro, prata, tecidos, pedras preciosas? Ó frágeis bens da terra! Eles não saem do solo senão para cair, quase sempre, nas mãos de celerados, escravos deste mundo e do Príncipe do mundo.

Ofereçamos nossas próprias pessoas, que são o presente mais precioso aos olhos de Deus e o mais próximo dele. Rendamos à sua imagem o que mais a ela se assemelha. Reconheçamos nossa grandeza, honremos nosso modelo, compreendamos a força desse mistério e as razões da morte de Cristo.

Sejamos como Cristo, pois Cristo foi como nós. Sejamos deuses para ele, pois ele se fez homem por nós. Ele tomou o pior, para dar-nos o melhor; ele se fez pobre, para nos enriquecer com sua pobreza; ele tomou a condição de escravo, para obter-nos a liberdade; ele se abaixou, para exaltar-nos; ele foi tentado, para nos ver triunfar; ele se fez desprezar, para nos cobrir de glória. Ele morreu, para salvar-nos. Ele subiu aos céus, para atrair-nos até ele, a nós que roláramos no abismo do pecado.

Demos tudo, ofereçamos tudo àquele que, por nossa causa, se deu a si mesmo como preço de nossa redenção. Não daremos nada de maior que nós mesmos, se compreendermos esses mistérios e nos tornarmos para ele tudo o que se tornou para nós.

No corpo de Cristo, vos tornastes agora membros de Cristo

De Santo Agostino

O ministério da Palavra e o cuidado com que vos geramos para que Cristo se forme em vós, nos levam a vos dizer o que seja este sacramento tão grande e tão divino, este remédio tão célebre e nobre, este sacrifício tão puro e tão fácil. Já não é mais em uma única cidade terrestre, Jerusalém, nem mais no tabernáculo construído por Moisés, nem no templo erguido por Salomão – tudo isso não era senão sombra de realidades futuras – mas é do nascer do sol até o seu ocaso (Sl 112/113,3; Ml 1,11), como predisseram os Profetas, que se imola e se oferece a Deus a vítima de louvor, segundo a graça do Novo Testamento.

Já não se vai mais buscar entre o rebanho uma vítima sangrenta, já não nos aproximamos do altar com uma ovelha, mas, de agora em diante, o sacrifício de nosso tempo é o corpo e o sangue do próprio sacerdote. Foi deste sacerdote que se predisse no salmo: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem do rei Melquisedeque” (Sl 109/110,4). Ora, lemos no Gêneses e bem sabemos que Melquisedeque, sacerdote do Altíssimo, ofereceu pão e vinho (cf. Gn 14,18), quando abençoou nosso pai Abraão.

Cristo, nosso Senhor, que ofereceu, ao sofrer por nós, o que recebera ao nascer por nós, estabelecido sacerdote para a eternidade, instituiu o sacrifício do seu corpo e do seu sangue. Porque seu corpo, traspassado pela lança, deixou correr a água e o sangue pelo qual remiu nossos pecados. Lembrando-vos desta graça, realizando a vossa salvação com temor e tremor – pois é Deus que em vós opera – vós vos aproximais para participar deste altar. Reconhecei no pão o que pendeu da cruz, no cálice o que escorreu do lado aberto. Os antigos sacrifícios do povo de Deus significavam, em sua múltipla variedade, o único sacrifício que havia de vir. E tudo o que foi anunciado de modo múltiplo e diverso nos sacrifícios do Antigo Testamento, se relaciona com o sacrifício único, revelado no Novo.

Recebei, pois, e comei o corpo de Cristo, uma vez que, no corpo de Cristo, vos tornastes agora membros de Cristo. Recebei e bebei o sangue de Cristo. Para que não vos deixeis dispersar, comei aquele que é o vosso vínculo; para não parecerdes sem valor aos vossos próprios olhos, bebei aquele que é o preço pelo qual fostes resgatados. Quando comeis este alimento e bebeis esta bebida, eles se transformam em vós; assim vós também sois transformados no corpo de Cristo, se viveis na obediência e no fervor. Se tendes a vida nele, sereis com ele uma só carne. Porque este sacramento não vos apresenta o corpo de Cristo para dele vos separar. O Apóstolo nos lembra que isto foi predito na Sagrada Escritura: Os dois serão uma só carne. Este mistério é grande – eu digo isto com referência a Cristo e à Igreja (Ef 5,32).

Em outro lugar foi dito a respeito da própria eucaristia: Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo (1Cor 10,17). Começais, pois, a receber o que começastes a ser.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Mensagem de Natal

Esse post é dedicado ao Pedro.

"Nada expressa melhor o sentido do Natal do que essa angústia, essa inquietação, esse pressentimento sombrio que antecedem o nascimento de Cristo.
É um simbolismo eterno que se repete nos fatos materiais da vida. Os dias que precedem o Natal são os da matança dos inocentes, da fuga para  o deserto, da Sagrada Família a bater em vão de porta em porta, em demanda  de um abrigo inexistente.


Um Deus vai nascer. O mundo treme e se apressa, como Herodes, para tentar  matá-Lo.
Não poderiam ser dias felizes. São os mais inquietantes do ano. Nem mesmo a  Sexta-Feira Santa é tão triste, porque o fato da morte vem com a certeza da  Ressurreição. Mas, quando um Deus vai nascer, tudo é incerto. O nascimento de um Deus é a morte de um mundo que não voltará à existência  depois de haver-se dissipado no nada. E ainda não se sabe o que virá  depois. Tudo aí é possível: as esperanças mais insensatas acotovelam-se aos  temores mais alarmantes, na expectativa de algo que não se sabe o que é,  mas que será decisivo. É a hora antes da aurora, a hora do lobo: o  predador, no lusco-fusco, ainda não sabe se vai caçar ou ser caçado.


O nascimento de um Deus é um anúncio do Juízo Final. Antecipadamente, há  choro e ranger de dentes. A humanidade agita-se, tentando em vão fugir do  peso de seus pecados. Cada um quer fingir para si mesmo que está bem, que  nada teme, que sua conta bancária, sua mesa farta, sua família feliz são um  atestado de garantia contra a danação eterna.


Parecendo negar a profecia, a agitação moderna não faz senão obedecê-la e  confirmá-la.
Mas eu seria o último a ver na corrida aos presentes apenas um  divertissement no sentido pascaliano, uma fuga ao sentido da vida. Ela é  também, nessa hora incerta, a afirmação de uma esperança. O Deus que vai  nascer pode não ser um juiz, mas um salvador. Não um castigo, mas um dom.


Ninguém o pode garantir antecipadamente. Comprar presentes, no meio da  angústia e da correria do mundo, é um ato de confiança na promessa das  Escrituras. Sem saber ainda o que vai acontecer, dispomo-nos a celebrá-lo  como um dom. Provemo-nos também dos dons que pretendemos ofertar, símbolos  miúdos do grande dom divino que esperamos.


Mas a incerteza nem por isso se dissipa.


Mesmo quando surge a estrela, anunciando o nascimento do Salvador, nem  todos atinam com o que está se passando. De início, só os sábios e os  pastores o compreendem. É na esperança de ser um deles que acorremos às  lojas, comprando o ouro, o incenso e a mirra com que mostraremos  reconhecer, nos entes queridos a quem presenteamos, a imagem do Menino Deus  recém-nascido.


Quer o saibamos ou não, o símbolo primordial molda nossas vidas,  reproduzindo-se e multiplicando-se em milhões de lares, por baixo de toda  agitação mundana que, parecendo negá-lo, o reafirma soberanamente.

A deusa história, a modernidade, nada pode contra isso. Ela não é senão  imagem e semelhança daquilo que nega. Afinal, quê poderia confirmar mais  plenamente o nascer do Sol do que o movimento das sombras que deslizam pelo  chão?
Qualquer que seja o rumo da História, a Palavra que a moldou antecipadamente não passará. "


Olavo de Carvalho- 2001

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

São Cirilo e São Metódio




Eran dos hermanos. En el mundo se llamaban Constanino y Miguel. Recibieron sus nombres de Cirilo y Metodio al entrar a la vida religiosa.

Son los dos grandes apóstoles de los países eslavos, como por ejemplo: Yugoslavia, Checoslovaquia, Bulgaria, Serbia, Croacia, etc.

Nacieron en Tesalónica, Grecia. Su padre era un importante funcionario gubernamental. En su ciudad se hablaban varios idiomas, y entre ellos el eslavo. Fueron siete hermanos. Metodio era el mayor y Cirilo el menor de todos.


Cirilo y Metodio ejercieron su misión evangelizadora en el imperio de la Gran Moravia. Este Estado surgió a comienzos del siglo noveno. Su centro se hallaba en Moravia, en la actualidad parte oriental de la República Checa. También pertenecían a la Gran Moravia territorios eslovacos y su influencia se extendía hasta Bohemia.

En la Gran Moravia propagaban el cristianismo misioneros de Italia Septentrional y principalmente de la vecina Baviera. A mediados del siglo noveno Moravia ya era cristiana, mas el príncipe Rostislav, deseando obtener plena independencia con respecto al imperio franco oriental - la posterior Alemania-, solicitó al emperador de Bizancio, Miguel III, de Constantinopla, el envío de sacerdotes cultos que afianzasen el cristianismo en la Gran Moravia y estableciesen una organización eclesiástica independiente de Baviera. El emperador de Bizancio encargó la misión a dos cultos hermanos, Cirilo y Metodio, oriundos de Salónica, que dominaban la lengua eslava.

Cirilo y Metodio llegaron al imperio de la Gran Moravia en el año 863 y desarrollaron aquí una extraordinaria labor religiosa y cultural. Los hermanos Cirilo y Metodio nacieron en el seno de una familia griega radicada en Salónica. Cirilo cuya labor misionera en la Gran Moravia se extendiera durante cuatro años, aportó grande y fundamentalmente la cultura granmorava, así por ejemplo, el alfabeto compuesto de 38 letras, el que reflejaba la gran riqueza sonora del eslavo antiguo. La escritura eslava de Cirilo recibió el nombre de glagólica.

Cirilo es también el fundador de la literatura eslava. Elaborada la escritura eslava, de inmediato se enfrascó en la traducción de libros religiosos al eslavo antiguo. El primer libro traducido por Cirilo fue el evangeliario, elemento indispensable para celebrar las misas y para la catequesis. Con ayuda de sus discípulos vertió al eslavo antiguo también el misal, el apostolario y otros libros litúrgicos.

Al concluir en Moravia la traducción de los cuatro evangelios, Cirilo escribió el prólogo de esta obra, llamado Proglas. Se trata de una composición poética, escrita en versos, según los cánones griegos, considerada una obra fundamental de la literatura eslava.

Terminados sus cuatro años misioneros en la Gran Moravia, Cirilo viajó a Roma e ingresó en un convento de monjes griegos. Falleció a los 50 días de su estancia en la Ciudad Eterna, el 14 de febrero del 869. Al morir, el primer educador y maestro de los eslavos tenía tan sólo 42 años.

Metodio, hermano de Cirilo y colaborador en la misión en la Gran Moravia, nació alrededor del año 815, también en Salónica. El padre lo destinó a la carrera militar para la cual Metodio tenía notables dotes.

Disgustado por violentos sucesos en la corte bizantina, Metodio renunció al puesto de comandante militar e ingresó en un convento ubicado al pie del Olimpo. Metodio se desempeñó cómo archidiácono del templo de Hagia Sofia, de Constantinopla,y como profesor de filosofía.

Metodio fue el arzobispo metropolitano de los granmoravos, aunque no siempre encontró la comprensión y el respaldo del príncipe de la Gran Moravia, Svatopluk.

Bajo la dirección de Metodio se desarrolló la escuela literaria morava de la cual salieron las traducciones al eslavo antiguo de todos los libros del Viejo y del Nuevo Testamento. La traducción de las Sagradas Escrituras fue realizada en la Gran Moravia en ocho meses. Metodio la dictó a los escribanos que utilizaban una especie de taquigrafía.

San Metodio murió el 6 de abril del año 885 y fue enterrado en su templo metropolitano en Moravia. La tradición sitúa el lugar de su sepultura en Velehrad, Moravia del Sur. Sin embargo, el desmoronamiento del imperio de la Gran Moravia como consecuencia de las incursiones de los magiares ocasionó la destrucción de los asentamientos.



*Información de Radio Praga.